Pesquisa revela que o público acima dos 50 anos aparece pouco nos comerciais de TV, e quando aparece são em categorias estereotipadas.

Apesar de ser o grupo etário que mais cresce em todo o mundo e particularmente no Brasil, onde já são 48 milhões, devendo chegar a 70 milhões em 2030, o público sênior (50 anos ou mais) ainda aparece pouco nos comerciais da TV aberta brasileira. É o que revela um levantamento realizado pela Mind Pesquisas, durante o mês de setembro deste ano, que analisou 761 comerciais veiculados nas cinco principais emissoras de TV aberta do país, no período das 07 às 22 horas.

Em média, personagens desse grupo etário aparecem em 1 a cada 3 comerciais veiculados. A participação no total de protagonistas dos comerciais é ainda menor: apenas 12%, apesar de representarem quase o dobro da população brasileira: 23,4%.

Segundo Alexandre Correa Lima, professor da FGV e fundador do portal Revolução Prateada, que estuda o fenômeno da Economia da Longevidade, essa distorção estatística nem é o fato mais relevante apontado pela pesquisa:

“Percebemos que não apenas o público sênior é sub-representado nos comerciais de TV, mas sobretudo que ainda está preso a categorias estereotipadas. Não é à toa que a categoria em que mais contabilizamos personagens sêniores foi o de cuidados com a Saúde, como serviços fármaco hospitalares e produtos um tanto caricatos, como remédios para disfunção erétil e fixadores de próteses dentárias. Não que haja problema em anunciar esse tipo de produto, o problema está em ignorar que o público sênior também é consumidor de sabonete, shampoo, bebidas, viagens, carros, restaurantes ou celulares, por exemplo”.

O estudo dividiu os personagens dos comerciais de TV em 3 grupos etários: de 0 a 14 anos (que também foi sub-representado nos comerciais), de 15 a 49 anos (que foi o mais representativo das aparições), e o público sênior, de 50 ou mais anos. Alexandre pondera que até há alguma lógica na maior representação (relativa e absoluta) do grupo etário intermediário (15 a 49 anos), já que é a faixa onde se encontra a maior parte da população economicamente ativa, alvo natural dos investimentos publicitários, mas talvez caiba uma reflexão a respeito da nova cara do consumidor brasileiro de hoje e do futuro.

“Assim como a publicidade reviu ao longo das décadas o papel da mulher na publicidade, e o cinema inverteu o glamour dos fumantes, é possível que com o novo desenho demográfico do Brasil e do mundo a representação, quantitativa e simbólica, dos sêniores, venha a mudar também”.

Uma síntese da pesquisa está disponível para download aqui.

>> Essa matéria com referência ao Palestrante Alexandre Correa Lima e à Revolução Prateada foi publicada no Portal da Exame. <<